Ainda só se degustava o trailer e já havia quem se enroscasse no habitual "bota-abaixo portuga" , descobrindo defeitos e imprecisões, cortando a eito com o reinventado lápis azul tudo aquilo que a referida "autoridade intelectual" considerasse nefasto e de mau gosto, à luz do interesse de todos. Reparem que não estou a defender o filme, refiro-me sim a essa censura prévia, mesquinha e até saudosista, talvez involuntária, mas certamente serôdia e fétida. Discute-se como deveria ser o trailer, avançando com sugestões que, ao invés de serem brilhantes, contribuiriam, elas sim, para o desfile carnavalesco do cliché. E com o cadáver aparentemente à disposição, os necrofagos entreteem-se com vénias e salamaleques absurdos. Julgando ter em seu redor uma vasta audiência, gabam o próximo, como se os verdadeiramente grandes precisassem de bajulação que os faça sobressair.
Dito isto, irei ver o filme. Talvez até seja bom ou mau, não sei. Uma coisa sei: já vai sendo tempo de se parar de criticar de antemão aqueles que, pelo menos, fazem alguma coisa. Já vai sendo tempo de deixarmos de lado a mentalidadezinha de presidentes de uma qualquer mesa censória...
Por: Andreia Torres