Crítica ao mundo de Goor:
 
É difícil fazer uma crítica a uma obra tão sublime, mas vou tentar não deixa no esquecimento nenhuma das partes que mais me impressionaram e as poucas, muito poucas, partes de que não gostei muito.
Desde logo considero goor 2 uma obra impregnada de originalidade pois colocas o destino da historia nas mãos dos homens e tornas a essência humana na “personagem” fulcral da mesma. Não recorres a nenhuma colagem a outros universos e isso é de louvar pois propuseste-te a criar um universo de raiz e, na minha opinião, acabaste por construir algo que se assemelha em grandeza a outras grandes obras como a terra média de Tolkien ou a Faerie da mitologia celta. Mas as marcas de originalidade não se esgotam com o facto de serem os homens a decidir o destino do mundo, também o facto de o artefacto sobre o qual a história se desenvolve e evolui não ser o principio e o fim da própria história me deixou muito satisfeito e surpreso; O universo de goor revela-se um mundo colossal e credível, com descrições perfeitas, soberbas, que nos fazem sonhar com cidades imponentes e com noites passadas num balcão do palácio levando banhos de estrelas. As cidades são definidas ao pormenor, com uma perícia de arquitecto, pois tenho a certeza que apenas pelas tuas descrições se podiam desenhar as várias cidades. A parte descritiva que mais me impressionou acabou por ser a descoberta de Fir Hur Abat, pela aura de magia e misticismo que se impregnava na cidade e pela gigantesca escala a que a cidade nos é descrita; A magia sente-se nas linhas em que descreves tão bela e lendária cidade!!! Tal como em Goor 1 a parte do romance é explorada com mestria, com os sentimentos a surgirem tão puros que quase os sentimos tocar-nos quando lemos as palavras. A tua “veia” de romancista tem tremenda qualidade e isso nota-se À medida que os sentimentos afloram nos corações das personagens levando a que exista uma dança de sentimentos puros entre os mais improváveis personagens juntando homens e mulheres de personalidades tanto fortes como distintas. Adoro o facto de ter acesso ao lado lunar de todos os personagens, incluindo Feaglar, pois normalmente o autor apenas explora o melhor lado de algumas personagens e o pior de outra, raramente são explorados os dois lados numa mesma personagem, penso que mais que tudo é isto que te define enquanto mestre da escrita. Apesar de preferir uma magia mais presente no enredo e nos destinos das histórias penso que o facto de a magia aparece tratada de forma sublime por ser simples e por não fazer parte do principal da acção (o que muda os destinos não são grandes feitiços, é o carácter de cada personagem) constitui uma lufada de ar fresco na literatura fantástica moderna. As jornadas em busca do draidex e as viagens de regresso com todas as circunstâncias e enredos secundários que assumem um papel tão preponderante na linha principal da história são maravilhosas, cheias de perigos, de batalhas intensas em que usas cenas fortes e cinematográficas de uma forma genial. A cada batalha que se aproxima é como se deixasse de ler e passa-se a ver as imagens que decidem o futuro dos Dhorians;
 Penso que conseguiste criar um verdadeiro mundo onde apenas sinto falta de uma fauna e flora mais presente mas em que a morfologia, mitos, lendas, costumes e tradições se encontram definidas de forma perfeita, sem falhas! Admiro a forma simples com que contas a história, não és um escritor de artifícios como por vezes eu próprio faço, és, sem sombra de dúvidas, um cronista brilhante; Penso que enquanto escritor é esse o estilo que melhor te define: a crónica;
Juntamente com a cidade de fir hur abat o que mais me impressionou foram as personagens fenomenais como sarraden, galana, gar dena, a perfeita caledra, o próprio feaglar, odraglar, etc…. são personagens com personalidades completamente distintas, delineadas com precisão, alguns são homens como todos nós, outros são tudo aquilo que gostaríamos de ser; Podia descorrer sobre estas personagens durante vários dias a fio pois tornaram-se verdadeiramente nos meus companheiros de armas ao longo da trama, sorri e sofri com todos eles! Como personagens principais amei a personagem Caledra mas sempre desejei secretamente que fosse Galana a ocupar um lugar de destaque no futuro da historia e fiquei muito satisfeito quando por fim tal aconteceu. O facto de teres trocado o pólo forte dos homens para as mulheres é mais um toque da genialidade com que desenvolveste goor;
Depois de ler a tua obra percebo que o goor és tu, que vem de ti, das tuas interpretações sobre a vida e é por isso que esta história ganha uma dimensão diferente. Para mim goor 2 foi o melhor livro de literatura fantástica que li nos últimos três anos, logo a par de “jonhatan strange e o sr norrel” de susanna clark.
Em termos de literatura fantástica na sua vertente épica a tua obra surge nas minhas preferências logo após a obra de Tolkien. Considero Goor melhor que o mundo de Robert Jordan ou Marion Zimmer Bradley; E de entre os autores portugueses considero que te encontras num nível superior a todos os outros : para mim é fácil fazer a comparação pois já li quase tudo o que existe em português no âmbito da literatura fantástica;
Devo dizer-te que aprendi muito ao ler Goor; Tornaste-te numa referência para mim e numa inspiração também, pois sonho um dia atingir o nível de mestria que tu tanto dominas. É um prazer e um imenso orgulho poder corresponder-me contigo e trabalhar a teu lado no correio do fantástico, por isso te deixo um obrigado sincero e me despeço com votos de amizade; Tornaste-me num verdadeiro Dhorian!!!
Espero que gostes da critica.
 
 Roberto Mendes (autor de fantasia)