"Apesar de estar inserido na colecção Via Láctea, 'O Regresso dos Deuses - Rebelião' não é tanto um livro de fantasia enquadrado nos padrões habituais, contendo sim elementos sobrenaturais que lhe dão um toque mais místico.
Outro ponto de ruptura com o fantástico a que estamos habituados, é a caracterização da personagem principal. Ao invés de termos a parte feminina mais fraca em que existe uma masculina claramente dominante que tem como função proteger a mulher frágil, aqui temos uma protagonista em que ela é que está despida de qualquer fraqueza aparente tendo uma personalidade extremamente forte, um carácter determinado e um punho de ferro. Calédra Denaris é sem dúvida uma personagem enigmática, obscura e ao mesmo tempo fascinante na sua frieza em relação ao que a rodeia."
Feira do Livro de Lisboa 2011 |
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O Regresso dos Deuses - Rebelião
Pedro Ventura
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea (#95)
Sinopse: Após um longo sono de várias décadas, Calédra, a bela guerreira aurabrana, desperta subitamente para uma realidade que lhe é estranha, um tempo que não é o seu. Antiga rainha dos aurabranos e senhora de um passado obscuro, Calédra, outrora conhecida como a Portadora da Luz, está destinada a protagonizar uma missão quase impossível – salvar o mundo, e muito em particular os humanos, da crescente ameaça representada pelo domínio Holkan. Ao longo desta saga extraordinária, são muitos (e improváveis) os aliados que Calédra vai encontrando, e muitas são também as vezes em que a guerreira enfrenta inimigos terríveis – como Mugar-Abe, o tenebroso regente do reino e aliado dos Holkan – e se vê às portas da morte. Mas o seu espírito singular e inquebrantável promete dar luta aos seus inimigos e cativar-nos desde logo, pela sua determinação, levando-nos a ler com insaciável voracidade as páginas deste épico vibrante.
Opinião: Após as excelentes leituras que foram os dois Goor de Pedro Ventura, este traz-nos agora uma nova obra, inserida no mesmo mundo contudo num tempo bastante diferente.
Dada a separação que houve entre os dois volumes anteriores, que não se encontram à venda, e este, a parte inicial da história acaba por ser uma contextualização histórica e temporal relativamente aos Goor.
Calédra, personagem de grande destaque nos Goor, acorda então passadas algumas décadas sem compreender o porquê de ter sido preservada este tempo todo. Quando toma consciência de si no mundo em que se encontra, não reconhece ninguém e pergunta-se qual será o seu propósito. Quando o compreende, uma mistura de sentimentos contraditórios apoderam-se da bela guerreira, todavia nunca colocando em causa a sua missão.
O seu percurso será doloroso, marcante, muitas vezes ingrato e outras tantas odioso, mas ela sabe que só assim conseguirá salvar os humanos do seu terrível desaparecimento.
Apesar de estar inserido na colecção Via Láctea, 'O Regresso dos Deuses - Rebelião' não é tanto um livro de fantasia enquadrado nos padrões habituais, contendo sim elementos sobrenaturais que lhe dão um toque mais místico.
Outro ponto de ruptura com o fantástico a que estamos habituados, é a caracterização da personagem principal. Ao invés de termos a parte feminina mais fraca em que existe uma masculina claramente dominante que tem como função proteger a mulher frágil, aqui temos uma protagonista em que ela é que está despida de qualquer fraqueza aparente tendo uma personalidade extremamente forte, um carácter determinado e um punho de ferro. Calédra Denaris é sem dúvida uma personagem enigmática, obscura e ao mesmo tempo fascinante na sua frieza em relação ao que a rodeia.
Há também um grupo de personagens, como Advark, Garleana, Marávia e Cartina, nenhuma delas simples, mas que se mantiveram ao lado de Calédra até ao fim, cada um percorrendo a sua própria demanda pessoal.
Sou sincera, apesar de ter gostado mais dos Goor, acho que temos aqui uma obra de um autor português de grande qualidade, que foge de forma determinada ao esterótipo da donzela em perigo que vai ser salva pelo guerreiro forte e musculado. É uma obra quase desprovida de romance pitoresco, indo muito mais além na abordagem ao íntimo do ser humano revendo valores, pondo em causa o que está certo ou errado sendo claro que tudo acaba por depender de uma certa subjectividade do sujeito que interpreta os factos.
Por fim, dou os parabéns ao Pedro Ventura por nunca desistir e finalmente conseguir ter uma obra sua ao dispor de todos e à Editorial Presença por ter apostado num autor cheio de potencial. Gostei.
Tenho um exemplar para oferecer, em parceria com aPresença, a quem responder correctamente às perguntas do formulário. As condições em si são as seguintes:
- O passatempo termina às 23h59 do dia 12 de Maio de 2011
- Só será permitida uma participação por pessoa
- Só serão permitidas participações de Portugal
- As respostas podem ser encontradas aqui.
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Goor - As Crónicas de Feaglar I & II
Pedro Ventura
Editora: Papiro (Pelo menos, supostamente)
Nº de Páginas: --/--
Opinião: Antes de mais, alguns esclarecimentos. A versão que li, foi uma versão "de autor", não revista, impressa num formato A4 com os dois livros seguidos. É suposto estas duas magníficas obras serem vendidas pela Papiro Editora, mas ao que parece isso não acontece e, a única solução que eu e o autor arranjámos para ter o prazer de as ler, foi ele enviar-mas em formato "manuscrito".
Sei que devem estar a pensar "Uhh, que horror, os manuscritos normalmente têm muitos erros e gralhas e não sei que mais..", pois bem, desenganem-se. A única contrapartida de ler neste formato, foi o tamanho e peso do manuscrito e por isso (para os leitores mais atentos do blog) demorei mais tempo que o normal a conseguir lê-lo. Não obstante, valeu mais que a pena ler neste formato. E a primeira coisa a apontar é que Pedro Ventura tem uma escrita de fazer inveja. A linguagem utilizada é bastante adequada à estória, directa e que nos puxa para dentro dela fazendo com que nos sintamos parte daquele universo.
Goor - As Crónicas de Feaglar I & II são obras inigualáveis. A primeira coisa em que pensei quando terminei de os ler foi "Uau, nunca pensei que houvesse uma obra destas, muito menos escrita por um autor português". Isto porque, quando lemos algum livro, normalmente tendemos a comparar com esta ou aquela obra que já lemos anteriormente. Com os Goor, isto não acontece.
Desde cedo entramos num mundo completamente novo. E, apesar de estas duas obras serem classificadas no género Fantástico, desenganem-se se pensam que vão encontrar os seus elementos típicos como fadas, gnomos, elfos, anjos ou vampiros ou o que quer que vos possa passar pela cabeça. Aqui, temos a humanidade dura e crua, onde cada pensamento e acção têm uma intensidade nunca antes expressas desta forma.
O território nestas obras, é constítuido por sete reinos, cada um com os seus reis, rainhas e exércitos e, à medida que a narrativa vai avançando vamos conhecendo cada vez mais personagens. Um grande ponto a favor do autor é que, apesar de serem imensas e serem tantos reinos, ele consegue a narrativa organizadíssima e coerente, não havendo confusão de quem é quem ou o que era o quê. E quanto às suas características, temos de tudo um pouco. Personagens de personalidade forte, sombrias, alegres, extrovertidas, soturnas e mesmo quando pensamos que odiamos certa personagem, muitas das vezes o autor surpreende-nos com reviravoltas estonteantes.
E é muito à base dos sentimentos que a narrativa nos provoca, que tornam estes livros tão bons. Pedro Ventura consegue transmitir uma data de valores e de ideais tão fundamentais à nossa sociedade de uma forma, por vezes, romântica, intensa e que nos faz por vezes rir, outras vezes chorar (sim, chorei e depois?), mas acima de tudo provoca-nos um deslumbramento que muito poucos autores têm a arte de o fazer.
Ele consegue mostrar que o bem e o mal não são lineares. Que muitas vezes pode ser tudo bastante relativo e por vezes abala-nos em certos momentos da estória com claras demonstrações disso.
As demandas, as batalhas, as paixões, os ódios, a amizade, a camaradagem, o sofrimento, a alegria, a capacidade de amar para além de qualquer compreensão, são apenas alguns tópicos tão bem desenvolvidos e descritos. O autor não perde tempo com longas descrições de batalhas épicas ou cenas de amor explícitas só para prender o leitor. Não, ele é sublime, mas certeiro nelas e vai sendo impossível para nós largarmos a leitura.
Dois livros inesquecíveis, que tenho pena de terem sido editados por uma editora que não soube dar o devido valor e por ver desperdiçado um talento que nem no estrangeiro abunda. Sim, Pedro Ventura é um autor capaz de fazer frente e vencer, em termos de qualidade, grandes nomes de literatura estrangeira, já para não falar da portuguesa.
Deixo aqui expresso o meu desagrado e gostava mesmo que estes dois livros tivessem uma edição decente e que ocupassem o lugar que merecem - os tops das livrarias e distribuidoras nacionais.
Até lá fora, de Portugal, parecem dar mais valor a estes dois livros do que nós, portugueses.
Sem dúvida que adorei.
( Por Sofia Teixeira in Blog Morrighan )
As boas surpresas ligadas ao mundo da escrita não são abundantes... Mas quando ocorrem são realmente marcantes. Ter conhecido ( devido a esta entrevista ) a simpática Sofia ( Morrighan ) foi uma dessas boas surpresas, num meio em que a maioria parece entregue à mesquinhez e ao gosto em odiar o próximo. A Sofia tem um gosto genuino pelos livros e isso é algo deveras precioso. Agradeço-lhe o "tempo de antena" que me concedeu e que tem dado a outros escritores portugueses.
Para a entrevista clique AQUI