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publicado por sá morais às 13:43

Opinião O Regresso dos Deuses - Rebelião (Blog Morrighan - Sofia Teixeira)

11.04.12

O Regresso dos Deuses - Rebelião 
Pedro Ventura

Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea (#95)

Sinopse: Após um longo sono de várias décadas, Calédra, a bela guerreira aurabrana, desperta subitamente para uma realidade que lhe é estranha, um tempo que não é o seu. Antiga rainha dos aurabranos e senhora de um passado obscuro, Calédra, outrora conhecida como a Portadora da Luz, está destinada a protagonizar uma missão quase impossível – salvar o mundo, e muito em particular os humanos, da crescente ameaça representada pelo domínio Holkan. Ao longo desta saga extraordinária, são muitos (e improváveis) os aliados que Calédra vai encontrando, e muitas são também as vezes em que a guerreira enfrenta inimigos terríveis – como Mugar-Abe, o tenebroso regente do reino e aliado dos Holkan – e se vê às portas da morte. Mas o seu espírito singular e inquebrantável promete dar luta aos seus inimigos e cativar-nos desde logo, pela sua determinação, levando-nos a ler com insaciável voracidade as páginas deste épico vibrante.

Opinião: Após as excelentes leituras que foram os dois Goor de Pedro Ventura, este traz-nos agora uma nova obra, inserida no mesmo mundo contudo num tempo bastante diferente.

Dada a separação que houve entre os dois volumes anteriores, que não se encontram à venda, e este, a parte inicial da história acaba por ser uma contextualização histórica e temporal relativamente aos Goor.
Calédra, personagem de grande destaque nos Goor, acorda então passadas algumas décadas sem compreender o porquê de ter sido preservada este tempo todo. Quando toma consciência de si no mundo em que se encontra, não reconhece ninguém e pergunta-se qual será o seu propósito. Quando o compreende, uma mistura de sentimentos contraditórios apoderam-se da bela guerreira, todavia nunca colocando em causa a sua missão.
O seu percurso será doloroso, marcante, muitas vezes ingrato e outras tantas odioso, mas ela sabe que só assim conseguirá salvar os humanos do seu terrível desaparecimento.

Apesar de estar inserido na colecção Via Láctea, 'O Regresso dos Deuses - Rebelião' não é tanto um livro de fantasia enquadrado nos padrões habituais, contendo sim elementos sobrenaturais que lhe dão um toque mais místico.
Outro ponto de ruptura com o fantástico a que estamos habituados, é a caracterização da personagem principal. Ao invés de termos a parte feminina mais fraca em que existe uma masculina claramente dominante que tem como função proteger a mulher frágil, aqui temos uma protagonista em que ela é que está despida de qualquer fraqueza aparente tendo uma personalidade extremamente forte, um carácter determinado e um punho de ferro. Calédra Denaris é sem dúvida uma personagem enigmática, obscura e ao mesmo tempo fascinante na sua frieza em relação ao que a rodeia.
Há também um grupo de personagens, como Advark, Garleana, Marávia e Cartina, nenhuma delas simples, mas que se mantiveram ao lado de Calédra até ao fim, cada um percorrendo a sua própria demanda pessoal.

Sou sincera, apesar de ter gostado mais dos Goor, acho que temos aqui uma obra de um autor português de grande qualidade, que foge de forma determinada ao esterótipo da donzela em perigo que vai ser salva pelo guerreiro forte e musculado. É uma obra quase desprovida de romance pitoresco, indo muito mais além na abordagem ao íntimo do ser humano revendo valores, pondo em causa o que está certo ou errado sendo claro que tudo acaba por depender de uma certa subjectividade do sujeito que interpreta os factos.

Por fim, dou os parabéns ao Pedro Ventura por nunca desistir e finalmente conseguir ter uma obra sua ao dispor de todos e à Editorial Presença por ter apostado num autor cheio de potencial. Gostei.

Entrevista de Pedro Ventura no Blog Morrighan

05.09.11
Feira do Livro de Lisboa 2011
Depois de uma primeira entrevista, antes da edição de o 'Regresso dos Deuses - Rebelião', aqui fica um pequeno apanhado dos últimos tempos na vida do autor:

Fala-nos sobre o teu regresso ao mundo literário, desta vez através de uma das maiores editoras em Portugal:

O meu regresso foi algo inesperado até para mim. Tinha o desejo de voltar a ter um livro meu editado mas, sinceramente, não fazia muito para que tal acontecesse. Não vivia (nem vivo) preocupado com o tal "mundo literário"... Aliás, nem sei muito bem o que isso é! Conheci pessoas interessantes, estabeleci novas amizades e tive alguns bons momentos que irei sempre recordar - esta é a minha melhor definição para essa vertente da minha vida, esse é o meu enriquecimento pessoal. Mentiria se dissesse que ter um um livro publicado não constitui um bom tónico para o ego... Mas fica por aí. É apenas uma parte do "meu mundo". 
Todavia, essa possibilidade acabou por surgir através da Presença. Como é óbvio, não hesitei e lancei o "Regresso dos Deuses - Rebelião". A Presença é uma grande editora e existem várias diferenças óbvias que consistem em, por exemplo, encontrar o meu livro à venda em praticamente todas as livrarias. Mas nem quero fazer este tipo de análise. O passado já lá vai e o que me interessa é o presente e o futuro - esses serão doravante os meus termos de comparação...


'O Regresso dos Deuses - Rebelião' é uma obra que tem personagens das tuas duas obras anteriores, os Goor. Quem não tiver lido os Goor vai ter dificuldades em integrar-se neste novo mundo?
Não. Apesar de perceber que alguns leitores - especialmente os que não leram os Goor - talvez gostassem de conhecer a fundo todas as referências que surgem neste livro, não se torna essencial para a sua compreensão. O enredo é autónomo e centrado na protagonista e numa conjuntura que é extraordinária. Perante a gravidade dos acontecimentos relatados não considerei essencial estar a colocar "notas de rodapé". As personagens interessam pelo papel que desempenham na acção. Julgo que seria penoso estar a explicar a origem de povos, a descrever a genealogia de personagens ou a desenvolver relações amorosas cuja longevidade poderá ser idêntica à de uma ephemeroptera... Mas percebo que haja quem saboreie esses pormenores. Eu próprio aprecio o pormenor mas tomei esta opção de forma consciente... No entanto, o livro pode ser explorado de outro modo. Existem inúmeras ideias que eu trouxe para a história e que os leitores podem escalpelizar. Não há muita coisa ao acaso... Por exemplo, a sociedade dhorian acaba por ser uma analogia e não um mero cenário impensado. E se coloco uma citação de um apócrifo no início do livro, faço-o com um objectivo claro. 


Por norma temos sempre heróis do sexo masculino em que um dos objectivos é proteger algures uma dama envolto num romance. Nesse aspecto tu trouxeste uma grande lufada de ar fresco com Caledra - a nossa heroína. Fala-nos um pouco sobre ela e porque optaste por uma protagonista deste género.
De facto, optei por uma protagonista feminina extremamente pragmática, poderosa e independente, aquilo a que vulgarmente se chama de "personagem forte". Ela não precisa que ninguém a proteja, tanto pode ser vil como bondosa, revela-se imperfeita como qualquer um de nós, rege-se uma "moral maleável" que se adapta às situações e aos seus objectivos e a verdade é que não tem condições para o (quase obrigatório) romance - sempre achei muito "hollywoodesca" a ideia ter de haver um namorico entre as personagens principais mesmo que estejam a poucos instantes do Apocalipse. Não me parece muito credível... Sou um acérrimo defensor de relacionamento fortes e genuínos (não sou um daqueles "ressequidos" que consideram obrigatório que tudo seja falso, trágico e disfuncional...) e não estou com isto a rebater a sua presença neste tipo de relatos (veja-se os Goor...) mas neste caso em concreto deixei de parte os relacionamentos amorosos. 
Julgo que Calédra é realmente uma lufada de ar fresco mas quem não estiver habituado pode até "constipar-se". Não é comum ver uma "heroína" que, a certa altura, até nos pode levar a não simpatizar com ela. Admito que não seja fácil gostar de alguém que abusa da sobranceria, que revela amiúde uma frieza cruel, uma teimosia exasperante e um espírito indomável - mesmo que também aqui resida algum do seu encanto. Ela é autêntica (ninguém é perfeito...) e não está naquela trama para agradar, está lá para tentar cumprir uma missão. Naquele contexto, uma personagem mais "fraca" não chegaria à pagina cinquenta... Ela é a pessoa certa no momento certo, mesmo que possa falhar nos seus intentos. Eu vejo as coisas assim: se estamos no deserto com o Afrika Korps pela frente, precisamos do Montgomery e não do Lenardo Di Caprio... Penso que Calédra acaba também por ser uma homenagem a todas as mulheres que não se reveem na fragilidade estereotipada que abunda na literatura, no cinema, etc. Porque não uma mulher como Calédra? Julgo que, no fim do livro, os leitores entenderão a sua personalidade e terão até uma forte empatia por ela.


O livro está inserido na Via Láctea que é caracterizada por ser uma colecção de fantasia. No entanto eu discordo um pouco dessa classificação em relação à tua obra. Como é que a classificas?

Sinceramente, não julgo que se trate de Fantasia, já que falta o fundamental elemento mágico e a habitual galeria de personagens associadas ao género. O mundo é imaginário e com um nível tecnológico comparável ao período medieval mas esses aspectos não definem o livro. Gosto de pensar no Regresso dos Deuses como um épico no qual coloquei indirectamente alguns temas que sempre me fascinaram: os mitos sumérios como os annunnaki e até alguns aspectos, mais ou menos nebulosos, da religião cristã. Mas também não saberia como o classificar... Será um romance épico com uma influência de imaginário "danikeniano"? Talvez... E essa influência não é assim tão invulgar como poderá parecer à primeira vista. A popular série Stargate, por exemplo, assenta muito do seu enredo nas hipóteses de Daniken. No fundo, trata-se de um cenário imaginário com uma boa dose de Fantástico e por essa razão julgo que encaixa perfeitamente na "Via Láctea".


Dando a minha opinião pessoal, gostava de ver os Goor reeditados numa edição de qualidade como foi este 'O Regresso dos Deuses'. Faz parte dos teus objectivos reeditá-los e fazê-los chegar mais facilmente às mãos dos teus leitores?
Ainda hoje, passados cinco anos desde o lançamento do Goor I, os livros continuam a ser motivo de grande interesse e procura - até no Brasil onde nem foram editados! Tenho algumas sugestões no sentido de os reeditar mas quero ponderar bem essa hipótese com a devida calma. Antes de mais terei de sondar o interesse da editora à que estou ligado e só depois pensar no futuro dos Goor. Tenho plena consciência de que eram livros mais "comerciais" do que o Regresso dos Deuses mas ainda não tenho qualquer certeza sobre o que irá acontecer. 


O que se segue? Algo mais parecido com os Goor ou com a esta tua obra mais recente?
Eu já tinha começado a escrever uma história na linha do Regresso dos Deuses mas parei a meio e ficou no "fundo da gaveta". Nem sei bem porquê... Foi uma daquelas decisões difíceis de explicar mas inquestionáveis. Recentemente iniciei algo diferente que também é uma continuação mas não tenho tido tempo nem a serenidade necessária para colocar no papel as ideias que tenho. Infelizmente, não posso fazer daqueles "retiros de inspiração" nas Maldivas ou coisa do género e o complicado quotidiano nem sempre me possibilita o prazer da escrita. Mas não tardará... Eheheh! 

Goor I e II por Sofia Teixeira

26.09.10

 

Goor - As Crónicas de Feaglar I & II
Pedro Ventura
Editora: Papiro (Pelo menos, supostamente)
Nº de Páginas: --/-- 

Opinião: Antes de mais, alguns esclarecimentos. A versão que li, foi uma versão "de autor", não revista, impressa num formato A4 com os dois livros seguidos. É suposto estas duas magníficas obras serem vendidas pela Papiro Editora, mas ao que parece isso não acontece e, a única solução que eu e o autor arranjámos para ter o prazer de as ler, foi ele enviar-mas em formato "manuscrito".

Sei que devem estar a pensar "Uhh, que horror, os manuscritos normalmente têm muitos erros e gralhas e não sei que mais..", pois bem, desenganem-se. A única contrapartida de ler neste formato, foi o tamanho e peso do manuscrito e por isso (para os leitores mais atentos do blog) demorei mais tempo que o normal a conseguir lê-lo. Não obstante, valeu mais que a pena ler neste formato. E a primeira coisa a apontar é que Pedro Ventura tem uma escrita de fazer inveja. A linguagem utilizada é bastante adequada à estória, directa e que nos puxa para dentro dela fazendo com que nos sintamos parte daquele universo.

Goor - As Crónicas de Feaglar I & II são obras inigualáveis. A primeira coisa em que pensei quando terminei de os ler foi "Uau, nunca pensei que houvesse uma obra destas, muito menos escrita por um autor português". Isto porque, quando lemos algum livro, normalmente tendemos a comparar com esta ou aquela obra que já lemos anteriormente. Com os Goor, isto não acontece.

Desde cedo entramos num mundo completamente novo. E, apesar de estas duas obras serem classificadas no género Fantástico, desenganem-se se pensam que vão encontrar os seus elementos típicos como fadas, gnomos, elfos, anjos ou vampiros ou o que quer que vos possa passar pela cabeça. Aqui, temos a humanidade dura e crua, onde cada pensamento e acção têm uma intensidade nunca antes expressas desta forma.

O território nestas obras, é constítuido por sete reinos, cada um com os seus reis, rainhas e exércitos e, à medida que a narrativa vai avançando vamos conhecendo cada vez mais personagens. Um grande ponto a favor do autor é que, apesar de serem imensas e serem tantos reinos, ele consegue a narrativa organizadíssima e coerente, não havendo confusão de quem é quem ou o que era o quê. E quanto às suas características, temos de tudo um pouco. Personagens de personalidade forte, sombrias, alegres, extrovertidas, soturnas e mesmo quando pensamos que odiamos certa personagem, muitas das vezes o autor surpreende-nos com reviravoltas estonteantes.

E é muito à base dos sentimentos que a narrativa nos provoca, que tornam estes livros tão bons. Pedro Ventura consegue transmitir uma data de valores e de ideais tão fundamentais à nossa sociedade de uma forma, por vezes, romântica, intensa e que nos faz por vezes rir, outras vezes chorar (sim, chorei e depois?), mas acima de tudo provoca-nos um deslumbramento que muito poucos autores têm a arte de o fazer.
Ele consegue mostrar que o bem e o mal não são lineares. Que muitas vezes pode ser tudo bastante relativo e por vezes abala-nos em certos momentos da estória com claras demonstrações disso.

As demandas, as batalhas, as paixões, os ódios, a amizade, a camaradagem, o sofrimento, a alegria, a capacidade de amar para além de qualquer compreensão, são apenas alguns tópicos tão bem desenvolvidos e descritos. O autor não perde tempo com longas descrições de batalhas épicas ou cenas de amor explícitas só para prender o leitor. Não, ele é sublime, mas certeiro nelas e vai sendo impossível para nós largarmos a leitura.

Dois livros inesquecíveis, que tenho pena de terem sido editados por uma editora que não soube dar o devido valor e por ver desperdiçado um talento que nem no estrangeiro abunda. Sim, Pedro Ventura é um autor capaz de fazer frente e vencer, em termos de qualidade, grandes nomes de literatura estrangeira, já para não falar da portuguesa.
Deixo aqui expresso o meu desagrado e gostava mesmo que estes dois livros tivessem uma edição decente e que ocupassem o lugar que merecem - os tops das livrarias e distribuidoras nacionais.
Até lá fora, de Portugal, parecem dar mais valor a estes dois livros do que nós, portugueses.
Sem dúvida que adorei.

 

( Por Sofia Teixeira in Blog Morrighan )

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