O escritor Jean-Marie Gustave Le Clezio foi o nome escolhido pela Academia Real sueca como vencedor do nobel da literatura deste ano.
O prémio tem um valor de 10 milhões de coroas suecas, equivalente a um milhão de euros e foi anunciado esta tarde em Estocolmo.
Desde 1985 que um escritor francês não ganhava o Nobel literário. Aos 68 anos, Le Clézio, autor de romances de aventura, ensaios e literatura infantil, sucede à escritora britânica Doris Lessing, galardoada o ano passado.
O prémio foi instituido pelo milionário Alfred Nobel e estabelecido em 1901, com excepção para o Nobel da economia introduzido pelo banco central da Suécia em 1968.
Le Clézio vem de uma família que emigrou para a Grã-Bretanha no século XVIII. A família viveu numa colônia britânica onde era permitido aos colonos manterem as suas propriedades e o uso da língua francesa, alegando a nacionalidade britânica. A família viveu por um tempo na África, onde o pai dele serviu como um cirurgião no exército britânico. Durante a Segunda Guerra Mundial, Le Clézio foi separado da família, pois seu pai não tinha condições para se juntar a sua mulher e filhos em Nice. Em seguida, depois de passar alguns anos em Londres e Bristol, ele vai para os Estados Unidos da América e se torna professor. Le Clézio estudou no Collège Universitaire Littéraire. Após se graduar em literatura francesa, ele se torna famoso aos 23 anos com seu primeiro romance, Le Procès-verbal (O processo verbal), que foi selecionado para o Prêmio Goncourt e para o qual foi premiado com o Prêmio Renaudot em 1963. Desde então, ele já publicou cerca de trinta livros, incluindo contos, romances, ensaios, duas traduções sobre o tema da mitologia indiana, inúmeros comentários e prefácios, assim como algumas contribuições para publicações coletivas. Sua carreira de escritor pode ser dividida em dois grandes períodos: De 1963 a 1975, Le Clézio explorou temas como a loucura, a linguagem, a escrita, dedicando-se à experimentação formal na sequência de contemporâneos, tais como Georges Perec ou Michel Butor. A obra de Le Clézio foi muito elogiada por intelectuais como Michel Foucault e Gilles Deleuze. No final dos anos 1970, o estilo do escritor sofre uma mudança drástica, quando ele abandona a experimentação e o humor de seus romances e estes se tornaram menos atormentados. O autor acaba abordando temas como infância, adolescência ou viajando, atraindo um vasto público. Em 1980, Clézio foi o primeiro vencedor do recém-criado prêmio Paul Morand, adjudicado à Désert pela Academia Francesa. Em 1994, um inquérito realizado pela revista francesa Lire mostrou que 13% dos leitores consideram-no o maior escritor francês da atualidade.
Neste momento, vive no Novo México e continua a escrever: “Je veux écrire une autre parole qui ne maudisse pas, qui n’exècre pas, qui ne vicie pas, qui ne propage pas la maladie.