Entrevista dada por Pedro Ventura ao blog The Tale of The Bamboo Cutter

04.04.11

 

Fala-nos de ti.

Não há muito que dizer… Sou apenas mais um “filho” da minha geração ainda a labutar pela vida e pelos seus sonhos. E estamos a falar de uma geração que, talvez como nenhuma outra, absorveu novidades, expectativas e hipóteses, acabando por ser esmagada pelos condicionalismos de um país serôdio, pervertido e repleto de vícios. A elevada exposição ao fascínio dos anos 80 e 90 levaram-me a um posterior desencanto. Condição patológica extremamente grave que nos pode até levar a escrever. Mas a rebeldia ficou e talvez a omnipresente imaginação seja isso mesmo – um derradeiro foco de resistência… Ou então uma fuga… O que eu sou talvez se divida entre o que é facilmente perceptível e o quase inatingível. Nos meus livros está muito daquilo mais difícil de alcançar…

 

 

Agora seria normal questionar-te sobre as tuas influências literárias. Todavia, elas surgem já no teu blogue e no teu site. Quero apenas um nome de alguém que gostarias de conhecer dentro desse círculo de influências!

Curiosamente ou talvez não, escolho um nome que não está ligado à escrita: Percy Fawcett. Porquê? Por ele não ser uma mero “cronista de sonhos”, antes a própria matéria de que os sonhos são feitos. Ele foi um dos derradeiros aventureiros, um homem que não aceitou o “vulgar”, o “politicamente correcto” e arriscou tudo naquilo em que acreditava, por muito disparatado que essas suas crenças pudessem parecer. Quer se concorde com a suas posições ou não, torna-se inegável que o Coronel Fawcett é um catalisador da imaginação. Mesmo sabendo que desapareceu na floresta amazónica, admiro-o e invejo-o – dois sentimentos que raramente reservo para seja quem for… Para mim, Fawcett é uma daquelas figuras imortais, totalmente meritórias de um crepúsculo dos deuses…

 

 

O que mudou desde os teus dois primeiros livros?

Espero ter mudado para melhor. Essa mudança estará a escrutínio. Acredito que, para estarmos no caminho certo, devemos estar num processo de constante aperfeiçoamento – sendo que os erros também fazem parte do processo. Mas acredito que o que escreveremos amanhã deverá ser melhor do que aquilo que escrevemos hoje e ontem.

 

 

O teu “peso” na internet é considerável. Mero acaso ou estratégia bem delineada?

Vamos a ver… Eu já tinha blogues antes de ter editado os Goor. Não acho que tenha essa influência… Nunca tive nem procurei ter. Obviamente, tenho clara consciência da importância da internet como meio de divulgação e não desaproveito essa oportunidade. No entanto, a minha “estratégia” são os meus livros e não uma “imagem”.

 

 

Ao contrário da maioria dos escritores, não te inibes de expressar opiniões sobre política, por exemplo. Parece-te sensato?

Em primeiro lugar, acho que essa ideia é errada. Conheço pessoas ligadas à escrita que são bastante interventivas. É uma escolha pessoal, mas não podemos generalizar. Temos de abandonar o cliché de que os escritores vivem numa torre de marfim, ignorando o mundo real que os rodeia. Essa é uma noção demasiado romântica, algo que só teria cabimento numa conjuntura desfasada, totalmente irreal. Insensato seria eu esconder as minhas opiniões pessoais. Tenho-as, felizmente! Fazê-lo propositadamente para manter uma neutralidade que agradasse a todos seria algo bastante hipócrita. Não sou a Suiça… Tenho as minhas ideias e posso discuti-las, defende-las ou até alterá-las, caso perceba que estava errado – o que é difícil dada a minha teimosia. Porém, nunca as esconderei por mero interesse.

 

 

Como vês as discussões sobre o Fantástico?

Como vejo?… Como uma manifestação, mais ou menos exacerbada, de ideias e valores diferentes. Pessoalmente prefiro o debate por o achar mais proveitoso e estimulante. Mas nem para isso tenho tempo…

 

 

Fala-nos do teu próximo livro

O Regresso dos Deuses – Rebelião recupera o universo dos “Goor” mas a acção decorre muitos anos depois. Há algumas diferenças… Desta vez abdico da estrutura de Demanda, por exemplo. Mas recorro à minha personagem fetiche dos livros anteriores – esta é a sua “Crónica”. A indomável Calédra embarca numa nova “missão”, a mais importante por ser também uma autodescoberta da sua singularidade e dos eventos que a geraram, encimando uma galeria de personagens que, ao invés de serem seleccionadas pelas suas virtudes ou defeitos, são-no pela conjuntura, pela sua condição e, essencialmente, por um instinto universal: a sobrevivência.  Em Regresso dos Deuses revela-se muito daquilo que permanecera encoberto nos Goor.  Os “deuses” estão de regresso e a sua natureza e intenções são finalmente reveladas, algo que nem sempre é explorado nestas entidades cujo poder e existência costumam justificar-se per si.  Estes “deuses” podem não ser bem aquilo de que muitos estariam à espera… Julgo ser uma boa história…

 

 

Afinal, existe sorcery ou apenas a sword?

A tal magia nunca existiu nos meus livros, apesar de, a espaços, poder parecer que estava presente. Essas dúvidas, caso as houvesse, serão postas de lado com o avançar da história. Este livro também não alimenta qualquer “solução mágica”, remete antes para explicações do extraordinário que, mediante a “sensibilidade” de cada um, poderão até parecer plausíveis…  A “espada” tem sido realmente um ponto forte nas minhas histórias, mas até essa classificação desaparecerá no livro que actualmente estou a escrever. Mas não desaparecerá o elemento bélico, claro. Atenção que não se trata aqui de menosprezar a tal “sword & sorcery”! Trata-se de uma opção como qualquer outra e que emana das minhas “teorizações” pessoais.

 

 

Não será demasiado ambiciosa a ideia de juntar o épico e uma espécie de “panspermia consciente”, tendo em conta que a maioria dos leitores prefere os enredos menos complexos?

Será que preferem? Veremos…

 

 

E projectos para o futuro?

Apesar dos condicionalismos, estou a escrever uma história que será ainda mais distante do modelo dos Goor. Será mais “forte” e até “herético”… Será o espelho límpido do meu fascínio por determinadas lendas da Antiguidade e por interpretações mais ou menos “fantásticas” das mesmas. Não será apenas contar uma história, será também (espero) uma imaginativa formulação de hipóteses.

 

 

Uma última questão: o que realmente pensaste da polémica com a tua primeira proposta de capa?

Uma pergunta estranha vinda de quem vem… Não foi fácil, claro. Falava-se da capa quando quero que se fale é do livro. Mas quem falou não estava a mentir e acredito que o estavam a fazer por me quererem realmente ajudar. Ainda vejo as coisas com clareza. Não estou na fase “banzai” ou “harakiri” e espero nunca estar…

Crítíca a Goor - A Crónica de Feaglar por Andreia Torres

17.05.10

 

A primeira coisa que impressiona nestes dois livros é um claro sentimento de desengano, caso o comecemos a ler com a ideia de irmos mergulhar num mundo de magos, elfos, fadinhas e redundâncias do género. Esqueçam o estafado Sword and Sorcery. Aqui a história é outra, pois não se trata de um copycat de obras de referência (defeito de tantos outros autores). A Sorcery é (felizmente) substituída pela vontade dos Homens e a Sword surge em boas quantidades, em duelos individuais ou grandes batalhas, sempre sensacionistas e visuais, mas credíveis – provando que o aspecto bélico foi bem estudado. Essas habituais soluções sobrenaturais (que por vezes nada mais são do que facilitismos) não encontram aqui lugar. O inverosímil surge alicerçado em ténues sugestões que me recordaram algumas obras de Ficção Científica de autores como David Brin ou mesmo escritos de J.S. Hunsaker. Uma sublime influência de von Däniken e de Robert K. G. Temple? Talvez. Uma coisa é certa: não se trata de Fantasia.
Goor brota de uma intensa originalidade e grandeza (universo extremamente complexo e bem descrito), apesar de manter uma estrutura de Demanda Arturiana por um objecto – neste caso o Draidex. Não havia necessidade de tal, mas talvez essa existência brote um inconsciente desejo de ter uma trave-mestra em torno da qual o emaranho é construído. Mas essa Demanda eclipsa-se e torna-se secundária à medida que o intrincado enredo se desenvolve e fica subordinada ao aspecto humano das personagens. Temos aqui o grande trunfo da obra: personagens verosímeis com as quais nos podemos identificar, personagens com quem podemos reflectir, sonhar, chorar ou rir. Desenganem-se portanto os adeptos dos heróis virtuosos em cavalos brancos (cujo lugar é no nicho do infanto-juvenil), aqui irão encontrar pessoas (reais) com defeitos e virtudes, como qualquer um de nós. As suas dúvidas existenciais não são esquecidas e revelam-se, basicamente, aquelas que sempre nos inquietaram. Esse realismo existencial é tão marcante que o leitor chega mesmo (sem qualquer dificuldade) a estabelecer paralelismos com determinados episódios da sua própria vida. O romance (propriamente dito) surge bem doseado, apesar de, por vezes, chegarmos a abominá-lo por “empastelar” em demasia a acção. De realçar ainda o facto de duas das três personagens mais interessantes e complexas serem femininas. Neste livro as mulheres não são vistas como meras figurantes acéfalas e frágeis (os habituais “acessórios de beleza e erotismo” que necessitam do “protector braço masculino”) e movem-se entre os papéis de antagonistas, coadjuvantes ou mesmo de protagonistas, tal é a sua importância. Destas destaco Calédra, o condimento essencial, sem a qual a história poderia tornar-se fastidiosa. Esta Red Sonja (mais refinada, mas igualmente poderosa - talvez até mais) de Pedro Ventura, inverte em vários aspectos os estereótipos sexistas e teria certamente lugar de destaque num painel de Susan Wood.
A prosa de Pedro Ventura é directa e apoia-se mais na sensação, no entretenimento, apesar de não descurar, aqui e ali, alguma “doutrinação”. A linguagem é fluida e, quando não o é, torna-se um pouco artificial, pesada, talvez por suposta “exigência”do Género Épico, da qual discordo. Algumas gralhas (que não são suficientes para perturbar a leitura) revelam um mau trabalho editorial de revisão. Também há alguns “vícios de escrita” que me parecem contaminação do anglo-saxónico e que deviam ter sido corrigidos. Certas personagens secundárias mereciam mais atenção para não aparentarem tanta uniformidade e não serem tão monocórdicas.
Em resumo: dentro do seu género, esta é uma obra indispensável, sem paralelo, quando comparada com os outros autores portugueses (até porque é difícil encontrar termo de comparação entre escritores maioritariamente “copistas” de modelos importados), e que me faz pensar que perdi tempo ao tempo ao ler Marion Zimmer Bradley, claramente inferior. Torna
-se óbvio que Pedro Ventura devia ter traduzido os dois Goor e optado por publicar no estrangeiro, antes mesmo de ter sequer pensado em fazê-lo em Portugal, mercado demasiado pequeno e muito dado a “monoideísmos”

 

Por Andreia Torres   

   

Regresso dos Deuses - Rebelião ( titulo provisório )

30.04.10

Em relação ao meu novo manuscrito ( Regresso dos Deuses - Rebelião ), decidi fazer um trailer, uma pequena brincadeira. Espero que gostem!

 

Goor - A Crónica de Feaglar 2 na Galiza ( já lá vão 2 anos )

29.04.10
Critica a Goor 2 no site Nova Fantasia ( Galiza )
TítuloGoor - A Crónica de Feaglar II
AutorPedro Ventura
EditorialPapiro Editora (2007)
Calificación:

Por fin chegou ás nosas mans a segunda parte da Crónica de Feaglar. E se me pedides que vola resuma nunha frase, direi-vos que concordo que as segundas partes non son boas, neste caso, son mellores!

Nesta segunda parte acabaron as presentacións e comeza a aventura sen mais dilacións. Cun desenrolo xa prácticamente liñal e mais lixeiro, a longa viaxe deica Goor vainos esclarecendo moitas das dúbidas ao redor dos personaxes principais, da súa verdadeira orixe e das súas motivacións.  Pouco a pouco imos desfiando a madeixa, e imos comprobando como algunha das nosas suposicións eran certas, e tamén, imos sorprendéndo-nos con novas revelacións. É certo que existe o Draidex, e que cómpre acadalo antes de que caia nas mans de Calicíada, unha  raiña cobizosa e sen escrúpulos, capaz do pior. Pero tamén é certo que a pesares das profecías, o consegui-lo dependerá da resolución dos homes. Porén, o Draidex é apenas a punta dun iceberg. Arredor del existe todo un mundo xa desaparecido pero que pode influir de forma decisiva no futuro do que xa coñecemos.

Podemos facer duas lecturas diferentes: unha, as aventuras e desventuras duns homes coraxosos loitando por conservar o único mundo que coñecen, e outra, para min mais interesante aínda, as chaves da verdadeira natureza humana, capaz do mellor e do peor. O heroe por excelencia, Feaglar, revélase coma un home coas mesmas fraquezas que calquera outro, que falla ás suas mais férreas conviccións e promesas por ser apenas iso, un home.

O ben  e o mal nunca son absolutos, e personaxes que poden parecer abomináveis nun momento, conseguen gañar a nosa simpatía noutra altura simplemente porque no fondo, e todos sabemos iso, a vida pon-nos en situacións nas que nada do que creiamos é inmutábel.  A grandeza da historia reside, ao meu parecer, neste punto. Porque é unha historia de seres humanos. Non é unha epopeia, é un reflexo do que podería pasar en calquera parte, se eliminásemos os elementos máxicos ou fantásticos.  Non hai vitórias ou derrotas absolutas, e algunhas das vitórias son realmente amargas. Pero iso é algo que só lendo esta crónica pode ser descuberto. Dar mais detalles sería innecesário, coido eu, e podería mesmo romper a máxia da lectura. Polo tanto, amigos, facédeos cun exemplar e sacade as vosas próprias conclusións.

Eu pola miña banda só podo dicir que fico coa mesma sensación que cando acabo un bo libro ou unha película: qué magoa que xa acabase,  pero disfrutei tanto mentras...

De novo, os nosos parabéns, Pedro e deica outra.

Entrevista a Pedro Ventura no blog Bran Morrighan

28.04.10

As boas surpresas ligadas ao mundo da escrita não são abundantes... Mas quando ocorrem são realmente marcantes. Ter conhecido ( devido a esta entrevista ) a simpática Sofia ( Morrighan ) foi uma dessas boas surpresas, num meio em que a maioria parece entregue à mesquinhez e ao gosto em odiar o próximo. A Sofia tem um gosto genuino pelos livros e isso é algo deveras precioso. Agradeço-lhe o "tempo de antena" que me concedeu e que tem dado a outros escritores portugueses.

 

Para a entrevista clique AQUI

 

Divulgação - Império Terra de Paulo Fonseca

12.08.09

 

SInopse:

“Caminharam juntos até ao passeio. Laura deixava para trás a sua mota, com pesar. Aquela mota que acompanhara por tantas vezes, e que sentia como parte de si. Fosse como fosse, teria de a deixar para trás quando partissem. Talvez, devesse fazer o mesmo com aquela nova verdade, que a deixara frustrada.
Os seus pais nunca lhe haviam falado de vampiros. Os vampiros faziam parte do imaginário popular, das histórias de terror, do cinema. No fundo era como Gabriel dizia: uma verdade rejeitada pelos eruditos. E os seus pais não eram povo.
Como é que poderia imaginar um mundo maravilhoso com vampiros e lobisomens?!
Se os asquerosos não teriam lugar nesse novo mundo, aqueles também não o teriam. Seria necessário eliminá-los!

De repente a iluminação piscou. Os olhos de ambos fixaram-se no horizonte, até onde alcançavam, e começaram a ver a luzes extinguirem-se, umas atrás das outras, como peças de dominó, como se as trevas fossem tragando a luz num gloop-gloop dantesco; anúncios atrás de anúncios, cartazes electrónicos atrás de cartazes electrónicos, salas de escritórios atrás de salas de escritórios; e os candeeiros nas ruas...
Uma espécie de rastilho correu as ruas de Lisboa apagando tudo o que eram luzes.
Fez-se trevas.
Um piscar trémulo e insistente atraiu a atenção de Gabriel. Um dos candeeiros da Av. 5 de Outubro extinguia-se como uma brasa, para logo se reacender como se assoprado, até que desistiu. Lembrou-o, sarcasticamente, da esperança da humanidade...
As trevas desceram sobre Lisboa.”

(…)

 

Conheça melhor este colega e o seu trabalho no seuBLOG

publicado por sá morais às 21:52

Goor - A Crónica de Feaglar 2

05.02.09

Goor - A Crónica de Feaglar II
 
 
 
"Este romance de aventuras épicas “adocicado com o toque mágico da fantasia” merece, sem dúvida, a nossa atenção. Valores como a amizade e a liberdade, tão essenciais à nossa condição humana, estão aqui sempre presentes."
in Montijo Agenda
 
"Regresso a Goor, mundo fantástico capaz de fazer corar o Senhor dos Anéis!"
in Correio da Manhã

Outras Leituras: O Grande Livro dos Portugueses Esquecidos

17.01.09

 
 
“O Grande Livro dos Portugueses Esquecidos”
 
Joaquim Fernandes
( Historiador, Universidade Fernando Pessoa )
 
Prefácio de Carlos Fiolhais:
 
 
Cientistas, escritores, matemáticos e inventores que deixaram um importante contributo em áreas como a química, a lógica, a física, a medicina. Resgatando muitas dessas figuras ao esquecimento, o historiador Joaquim Fernandes concretizou uma inédita pesquisa sobre os homens e mulheres que deixaram uma inquestionável marca na História.
 
 
«Deveria ser um manual escolar.»
Tiago Cavaco, Revista Ler

«É revelador que O Grande Livro dos Portugueses Esquecidos seja também e em grande medida uma colecção dos mais nobres traidores da Pátria. Traição aqui como a mais sublime devoção possível a um país. Boa parte desses valorosos concidadãos foi em vida apelidada de Judas pela sua própria terra. O mínimo que se espera é postumamente fazer justiça às suas memórias.»
Tiago Cavaco, Revista Ler

Sabia que na corte de Catarina, a Grande, existia um médico português? Próximo da czarina, Ribeiro Sanches serviu a soberana russa sendo considerado um dos grandes percursores da reforma pombalina. Em Londres ardeu em praça pública Cavaleiro de Oliveira, escritor e diplomata que não se quis calar editando polémicos escritos. Encarcerado na Junqueira morreu aquele a que os alemães chamaram de “Newton português” – Bento de Moura, físico e inventor. Herói da independência do Brasil, Andrade da Silva descobriu o terceiro elemento químico, o lítio.

Talentosos, lutadores e por vezes ignorados em vida, contam-se os atribulados percursos de vida de homens e mulheres que, dentro ou fora do país, deixaram um inquestionável contributo.

Esquecidos, mas de extraordinárias vidas, é na verdade uma aventura a descoberta destes portugueses pelo mundo...

 
 
Do Prefácio:
 
«A identidade nacional faz-se a partir da memória, mas a memória portuguesa é estranhamente selectiva. O historiador Joaquim Fernandes, neste seu livro bem documentado sobre os "portugueses esquecidos", vem lembrar-nos muitos nomes que, apesra de o merecerem, não têm conseguido passar no crivo da nossa memória colectiva. As razões serão as mais variadas. Mas talvez a mais comum seja o facto de grande parte desses notáveis se terem ausentado do seu país natal (ou permanecido ausentes do país natal de seus pais). Muitos deles perseguidos na sua própria terra foram para longe e ficaram longe na nossa memória. Outros ficaram por cá, desafiando condições difíceis, mas foi como se tivessem ido para longe. Também foram injustamente ignorados.»
 
 
Da Introdução: (...)
 
“Invocamos neste inventário – que não poderia ser definitivo, antes ilustrativo – o tríptico em que assenta o afrontamento e a incompreensão da sociedade portuguesa perante muitos criadores e pensadores da diversidade científica e cultural, das heterodoxias ideológicas e religiosas: errância, ignorância, intolerância, definem, a nosso ver, os nódulos  conflituais que resulta(ra)m do cruzamento entre as minorias mais inconformistas e o corpo maioritário da nação.
         Pretende-se com esta divulgação histórica recuperar a memória de um longo cortejo de portugueses cuja obra, vilipendiada ou cerceada por obstáculos ideológicos vários, se diluiu nas ruínas de uma injusta amnésia colectiva. De uma forma didáctica, este espaço visa ajudar à formação de uma opinião leitora mais crítica que propicie novos espaços para a tolerância, incentive o reforço da nossa auto-estima comum e incorpore um conhecimento mais justo dos préstimos da cultura científica portuguesa para a constituição do saber universal. (...)”
 
Joaquim Fernandes
Historiador, professor na Universidade Fernando Pessoa, co-fundador do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência. Especialista no estudo do imaginário português, começou por editar «Ovnis em Portugal (1978), seguindo-se «Intervenção Extraterrestre em Fátima» (1982), «As aparições de Fátima e o Fenómeno Ovni» (1995), «Fátima, nos Bastidores do Segredo» (2001), «Heterodoxias para o século XXI: novas fronteiras da Ciência» (2001), «Silenciados e Silenciosos» (2005), «O Cavaleiro da Ilha do Corvo» (2007).

Critíca a Goor

27.12.08

Numa deambulação pela net, descobri mais uma critíca a Goor - A Crónica de Feaglar. Goor parece estar a ter sucesso.

 

"Depois de um 2008, cheio de livros de fantasia de autores estrangeiros, sendo excepção apenas "Os ossos do arco íris" e "A conspiração dos antepassados" de David Soares, e depois de muitos posts lidos sobre os autores de fantasia em Portugal, eis que um dia me decidi a comprar uma obra de um autor nacional. Do que tinha lido, e como o blog em que participava Pedro Ventura, era uma dos que eu diariamente ia consultando, decidi-me pelas crónicas de Feaglar. Comprei os dois livros das crónicas, para entrar na fantasia nacional. Seguidamente, conto continuar com mais autores tugas, Filipe Faria e Sandra Carvalho já estão na calha para 2009.

Algumas particularidades prenderam desde logo a minha atenção nos dois livros de Pedro Ventura. A requintada capa é um gozo para os olhos. Muito bem conseguida a mistura de cores, os títulos e a maneira estilo moldura como foi inserida a sinopse. O preço, infelizmente, é o que deve afastar muitos potenciais leitores de uma obra, que por si, os merecia sobejamente. E por último a tiragem. Quando uma obra com um potencial destes, tem apenas uma tiragem de 500 exemplares, eu sinceramente, fico preocupado, com o estado da literatura em Portugal.

Falando do que realmente importa, que é o conteúdo do livro, apenas posso dizer que fiquei muito impressionado e satisfeito de possuir uma obra deste envergadura. Pedro Ventura escreve bem, muito bem até. Sabe cativar, com uma história repleta de peripécias amorosas, acção, aventura e suspense. Sem dúvida que, não é um autor que perde muito tempo com descrições, tanto dos personagens como dos cenários, deixando para o ávido leitor o trabalho de idealizar e imaginar as personagens, os castelos, os mundos. Ainda não sei se esta saga se resume a dois livros, se forem mais, penso que era de todo justificado a existência de um mapa.

O ritmo da acção é alto, e posso dizer que é um livro que nos prende a atenção logo desde as primeiras páginas. Ao longo de 290 páginas, posso dizer, que por muito poucas vezes tive a sensação de o livro estar a ser monótono, ou então, que o livro continha alguma palha. Embora não tendo a fluidez e o ritmo incessante de um Martin, ou um Tolkien, o história torna-se uma fonte contínua de deleite para quem a lê.

Outra coisa que me agradou muito neste livro, foram as tiradas filosóficas, e o que elas me fizeram reflectir. É um livro cheio de grandes ideias por detrás de uma história principal.

Os personagens também vão adquirindo ao longo do livro um misticismo e uma densidade muito pouco vistas em solo nacional. O seu destino também se vai revelando aos poucos, e por vezes existem acontecimentos muito poucos previsíveis que nos fazem andar sem rumo e sem saber o que lhes irá acontecer. Os diálogos, como acontece muito em Portugal, não são muitos e não acho que sejam de extrema importância nesta obra.

Trata-se de uma saga, que apesar de fantástica, já que aparecem alguns sinais de poderes maiores, como o facto de certos personagens poderem ler a mente, mover objectos, serem possuidores de uma força anormal ou então de se poderem curar, tem muito de humano e muito de perfeitamente normal. E por detrás da fantasia, está o romance e tudo o que humanamente se pode constatar na vida das personagens. As relações entre os diversos intervenientes do livro tem um papel fundamental em toda a narrativa.

Mal acabei este livro, comecei desde logo a continuação desta saga, coisa que normalmente nunca faço, para não ficar aborrecido ou por vezes entediado, com o rumo dos acontecimentos e com o desenrolar das narrativas. Neste caso, e depois de ler o primeiro volume fiquei com vontade de continuar a descobrir este mundo.

A história, passa-se num mundo constituído por 7 reinos, que estão muito longe de estar em paz. Vários acontecimentos levam a que Feaglar, o rei de um dos desses reinos, parta numa demanda por um artefacto que se cair em mãos maléficas, poderá destruir e subjugar todos os reinos aos desejos e caprichos de uma estranha líder.

Para essa demanda, Feaglar conta com amigos que vai forjando ao longo de algumas viagens que vai fazendo ao longo do seu reino e dos restantes.

Feaglar encontra também Gar-Dena, uma mulher com estranhos poderes, que poderá ser a salvação e a única capaz de se apoderam desse artefacto maligno."

 

in JNEWTON

Explorando o universo de Goor - A Crónica de Feaglar 2

07.10.08

Os Xerfec ( darmenérios )

 

 

Xerfec - Corpo militar de elite ao serviço da rainha Calicíada ( darmenéria ), aquando dos acontecimentos relatados em Goor - A Crónica de Feaglar. Estes guerreiros têm reputação de serem brutais, impiedosos assassinos e selvagens. O "recrutamento" dos Xerfec é maioritariamente feito com recurso a crianças condra raptadas em incursões fronteiriças ou traficadas por líderes tribais sem escrúpulos. Alguns são também criminosos darmenérios que obtiveram perdão para a sua pena de morte, em troca de servirem nestas unidades até ao fim dos seus dias. A educação das crianças é brutal e visa apenas um objectivo: matar. Essas crianças são forçadas a esquecer a sua origem e todas as ligações familiares que tinham anteriormente. Os xerfec gozam de algumas regalias dentro do seu reino ( como poderem confiscar bens das classes mais baixas ) e estão apenas submetidos à autoridade régia. As próprias unidades regulares darmenérias desprezam-nos e temem-nos pela sua selvajaria. 

Os guerreiros xerfec que chegam a idades avançadas, em que já não podem combater e que não ascenderam a oficiais têm o cruel destino de servirem nos campos de treinos, onde sofrem todo o tipo de violência por parte dos jovens recrutas, que chegam a ser incentivados a a espancá-los até à morte ou a treinarem neles os golpes de armas, de forma a soltarem os seus instintos mais sanguinários. Talvez por isso muitos xerfec optem pelo suicídio, depois de uma vida repleta de excessos e sangue.

A cavalaria dhorian é a única força militar por quem os xerfec guardam algum respeito, Antigas batalhas fronteiriças justificam esse sentimento, pois várias vezes foram derrotados nesses recontros.

Os xerfec são por diversas vezes referenciados ao longo de Goor - A Crónica de Feaglar. No Volume II, uma das personagens principais envolve-se num violento confronto com diversos xerfec encarregados de a matar. 

 

Critica a Goor 2 de Roberto Mendes

01.10.08

 

Crítica ao mundo de Goor:
 
É difícil fazer uma crítica a uma obra tão sublime, mas vou tentar não deixa no esquecimento nenhuma das partes que mais me impressionaram e as poucas, muito poucas, partes de que não gostei muito.
Desde logo considero goor 2 uma obra impregnada de originalidade pois colocas o destino da historia nas mãos dos homens e tornas a essência humana na “personagem” fulcral da mesma. Não recorres a nenhuma colagem a outros universos e isso é de louvar pois propuseste-te a criar um universo de raiz e, na minha opinião, acabaste por construir algo que se assemelha em grandeza a outras grandes obras como a terra média de Tolkien ou a Faerie da mitologia celta. Mas as marcas de originalidade não se esgotam com o facto de serem os homens a decidir o destino do mundo, também o facto de o artefacto sobre o qual a história se desenvolve e evolui não ser o principio e o fim da própria história me deixou muito satisfeito e surpreso; O universo de goor revela-se um mundo colossal e credível, com descrições perfeitas, soberbas, que nos fazem sonhar com cidades imponentes e com noites passadas num balcão do palácio levando banhos de estrelas. As cidades são definidas ao pormenor, com uma perícia de arquitecto, pois tenho a certeza que apenas pelas tuas descrições se podiam desenhar as várias cidades. A parte descritiva que mais me impressionou acabou por ser a descoberta de Fir Hur Abat, pela aura de magia e misticismo que se impregnava na cidade e pela gigantesca escala a que a cidade nos é descrita; A magia sente-se nas linhas em que descreves tão bela e lendária cidade!!! Tal como em Goor 1 a parte do romance é explorada com mestria, com os sentimentos a surgirem tão puros que quase os sentimos tocar-nos quando lemos as palavras. A tua “veia” de romancista tem tremenda qualidade e isso nota-se À medida que os sentimentos afloram nos corações das personagens levando a que exista uma dança de sentimentos puros entre os mais improváveis personagens juntando homens e mulheres de personalidades tanto fortes como distintas. Adoro o facto de ter acesso ao lado lunar de todos os personagens, incluindo Feaglar, pois normalmente o autor apenas explora o melhor lado de algumas personagens e o pior de outra, raramente são explorados os dois lados numa mesma personagem, penso que mais que tudo é isto que te define enquanto mestre da escrita. Apesar de preferir uma magia mais presente no enredo e nos destinos das histórias penso que o facto de a magia aparece tratada de forma sublime por ser simples e por não fazer parte do principal da acção (o que muda os destinos não são grandes feitiços, é o carácter de cada personagem) constitui uma lufada de ar fresco na literatura fantástica moderna. As jornadas em busca do draidex e as viagens de regresso com todas as circunstâncias e enredos secundários que assumem um papel tão preponderante na linha principal da história são maravilhosas, cheias de perigos, de batalhas intensas em que usas cenas fortes e cinematográficas de uma forma genial. A cada batalha que se aproxima é como se deixasse de ler e passa-se a ver as imagens que decidem o futuro dos Dhorians;
 Penso que conseguiste criar um verdadeiro mundo onde apenas sinto falta de uma fauna e flora mais presente mas em que a morfologia, mitos, lendas, costumes e tradições se encontram definidas de forma perfeita, sem falhas! Admiro a forma simples com que contas a história, não és um escritor de artifícios como por vezes eu próprio faço, és, sem sombra de dúvidas, um cronista brilhante; Penso que enquanto escritor é esse o estilo que melhor te define: a crónica;
Juntamente com a cidade de fir hur abat o que mais me impressionou foram as personagens fenomenais como sarraden, galana, gar dena, a perfeita caledra, o próprio feaglar, odraglar, etc…. são personagens com personalidades completamente distintas, delineadas com precisão, alguns são homens como todos nós, outros são tudo aquilo que gostaríamos de ser; Podia descorrer sobre estas personagens durante vários dias a fio pois tornaram-se verdadeiramente nos meus companheiros de armas ao longo da trama, sorri e sofri com todos eles! Como personagens principais amei a personagem Caledra mas sempre desejei secretamente que fosse Galana a ocupar um lugar de destaque no futuro da historia e fiquei muito satisfeito quando por fim tal aconteceu. O facto de teres trocado o pólo forte dos homens para as mulheres é mais um toque da genialidade com que desenvolveste goor;
Depois de ler a tua obra percebo que o goor és tu, que vem de ti, das tuas interpretações sobre a vida e é por isso que esta história ganha uma dimensão diferente. Para mim goor 2 foi o melhor livro de literatura fantástica que li nos últimos três anos, logo a par de “jonhatan strange e o sr norrel” de susanna clark.
Em termos de literatura fantástica na sua vertente épica a tua obra surge nas minhas preferências logo após a obra de Tolkien. Considero Goor melhor que o mundo de Robert Jordan ou Marion Zimmer Bradley; E de entre os autores portugueses considero que te encontras num nível superior a todos os outros : para mim é fácil fazer a comparação pois já li quase tudo o que existe em português no âmbito da literatura fantástica;
Devo dizer-te que aprendi muito ao ler Goor; Tornaste-te numa referência para mim e numa inspiração também, pois sonho um dia atingir o nível de mestria que tu tanto dominas. É um prazer e um imenso orgulho poder corresponder-me contigo e trabalhar a teu lado no correio do fantástico, por isso te deixo um obrigado sincero e me despeço com votos de amizade; Tornaste-me num verdadeiro Dhorian!!!
Espero que gostes da critica.
 
 Roberto Mendes (autor de fantasia)
 
 

Explorando o universo de Goor - A Crónica de Feaglar

21.09.08

Os Dagarac ( condra )

Ao contrário da maioria dos reinos, que entregam essas funções aos exércitos regulares, os condra possuem uma força paramilitar de elite que persegue criminosos, actuando dentro e até mesmo fora das suas fronteiras. Os dagarac são essencialmente recrutados da Guarda Real Condra, mas também possuem alguns dhorians e nilmec ( estes últimos devido às suas singulares capacidade  mentais ) nas suas fileiras. Devido à grande diversidade étnica e existência de diversas tribos autónomas em constantes lutas pelo poder, o dagarc também actuam como salvaguarda da autoridade régia.

  Porém, no acontecimentos relatados em Goor I, os dagarac revelam-se incapazes de impedir a sucessão de acontecimentos ( alimentados pela traição de diversos senhores tribais ) que culminarão na morte do rei Fremedon e na consequente invasão do seu reino pelas forças de Calicíada, apesar do valor demonstrado em diversas ocasiões.

  Durante a ocupação darmenéria, os dagarac que não se submetem são cruelmente perseguidos e executados. Os poucos que sobrevivem à mortandade das batalhas e a essa posterior perseguição refugiam-se em reinos vizinhos, aguardando o momento certo para voltarem a lutar.

  Em Goor - A Crónica de Feaglar I é-nos apresentado Dardon, um valente guerreiro dagarac, que irá aliar-se a Feaglar para capturar o vil Racul. Levada a cabo essa acção, Dardon decide juntar-se ao rei dhorian e acompanhá-lo nas suas aventuras.

Critica a Goor 2 no Gato do Telhado

24.06.08

 

 

 

 

 

 

 

"Adorei ter lido esta obra, porque além da parte das aventuras, tem uma parte muito intensa de amor de amizade entre as personagens, valores que hoje em dia parecem ser raros, as pessoas vivem tudo muito rápido, e com o epicentro nelas próprias, os outros não interessam, por isso enalteço essa parte do livro. Depois a forma como o Pedro descreve as paisagens e os acontecimentos vividos nas varias expedições (Goor, Caliciada e a caça a Munthul), as cidades dos sete reinos (com relevo para a fabulosa Fir-Hur-Abat onde se encontrava a crianças Aurabranas, que era a ultima esperança dessa fabulosa raça.), Também o autor fez grandes revelações sobre Gar-Dena, Cáledra e Galana. Todas elas com um perfil forte e evolutivo em toda a trama, (...) Claro que não vos vou contar as revelações se não tirava o interesse todo à história. À pouco falei-vos de amizade e amor, vou vos confessar uma coisa, certas cenas são de tal maneira intensas que parecemos estarmos a viver aquela história de alguma forma, dando por mim a chorar pelos acontecimentos descritos.

(...) Em suma, uma leitura fácil, entusiasmante, com valores muito preciosos. Uma Obra daquelas que vale a pena ler.

 

Francisco Fiuza

Critica a Goor 2 no Espreitador

03.05.08

 

"Desafiava-me o Pedro Ventura, aqui a atrasado no blog “Correio do Fantástico”, que definisse o que era afinal a literatura Fantástica. Depois de algumas considerações de género, dando os exemplos de Jack o Estripador de Bram Stoker, Frankenstein de Mary Shelley, os neofantásticos Kafka, Borges e Cortázar, os clássicos Maupassant, Hoffmann, Poe e Gogol, respondi-lhe, que era toda a literatura construída através de sistemas simbólicos, ambíguos e estéticos, com intencional transgressão dos preceitos racionais vigentes, equacionando os domínios do natural e do sobrenatural, do estranho e do maravilhoso, do tempo cronológico e do tempo subjectivo, que tentava contornar o incontornável real.
Posto isto, e porque no mesmo tempo lia o seu segundo livro a solo, (é co-autor com Teresa Branco, do “Astrologia, o Trabalho e o seu Destino”, da Livros Novalis), permitam-me os amabilíssimos leitores deste post, que diga antes de mais: O romance/aventura de Pedro Ventura, Goor - A Crónica de Feaglar II, da Papiro Editora, que podem encomendar aqui, é arte épica da Literatura Fantástica em todo o seu esplendor e, exemplo, de como em Portugal já se escreve a sério neste género literário.

Quando li o Goor - A Crónica de Feaglar I (Goor I), de forma prudente, tive oportunidade de me pronunciar aqui, quanto ao processo narratológico, planificação e caracterização das personagens de um épico romance/aventura, sem os habituais dragões e elfos que povoam a memória colectiva, mas com a conceptualização do fantástico de uma cultura laica e racionalista. Agora, no Goor - A Crónica de Feaglar II (Goor II), e embora não o aconselhe, pode ser lido sem passar pelo Goor I, o Pedro, volta a surpreender, conseguindo a façanha de escrever uma segunda parte, melhor que a primeira. Coisa, diga-se, não é habitual.

Os Goor, I e II, giram à volta de uma demanda. Os seus personagens, esteticamente humanos com roupagem do lugar e do tempo, são instâncias metafóricas densamente significantes, com fraquezas e erros de qualquer um, e vão-nos envolvendo no entrelaçado de histórias bem imaginadas pela criatividade do Pedro, que, chega a ser poética e não raras vezes filosófica, sublinhando a ideia de uma intencionalidade da consciência que emerge de um passado, mas não fica no passado.
Logo nas primeiras páginas, sentimos que o escritor cresceu com as personagens. A elaboração dos diálogos e a narração, deram o salto para a mensagem da dimensão da alma humana que é singular a cada um de nós: não perde de vista a condição de sermos seres como os outros e que a felicidade (estética) depende do máximo de felicidade (ética), levando-nos a um mundo em que nada é absoluto ou imutável, que é por excelência o mundo dos humanos, gente de sentimentos variados que podem hoje ser bons e amanhã o contrário, na medida em que, significa, o ser melhor num cosmos (mãe natureza) comum, e o abraçar as singularidades para promover o ideal imaginado, com motivações e angústias que vão sendo desvendadas com novas, surpreendentes e bem medidas revelações, terminando no encontro da paz interior quando, Feaglar, sobe a falésia e dança com o vento.

Dos vários e “ricos” personagens, cativam-nos, principalmente, a cintilante guerreira aurabrana, Calédra, uma encantadora e fantástica mulher que imagino de beleza imoral, imanente a ela mesma e transcendente das demais que, com Feaglar, o rei do reino Dhorian, é a ordem da autenticidade e suporte de toda esta trama.


Uma coisa é certa, quando acabamos de ler, Goor - A Crónica de Feaglar II, fica-nos a mágoa de não o continuarmos a ler. "

Critica a Goor 2 no Ante & Post

21.01.08

 

Goor - A Crónica de Feaglar 2

Há muito tempo não lia com tanto prazer um livro, assim foi com livro "Goor - A Crónica de Feaglar II"
que devorei em poucos dias, logo depois do Natal.
É um grande livro e isso não se refere as suas 460 paginas, mas sim pela qualidade encontrada que (surpreendentemente) supera seu antecessor.
Durante cada pagina encontramos os mais variados sentimentos, encontramos em cada personagem um pouco de nós, um resquício do que pensamos, virtudes que desejamos e muito mais.
Nesse segundo livro seguimos com Rei Feaglar para a grande aventura nas montanhas de Goor, junto a ele vai a rainha Gar-Dena e muitos outros amigos, personagens que nos acompanharam durante o primeiro livro, personagens que acabamos conhecendo, acabamos nos afeiçoando.
Um desses personagens é Calédra, que encanta sempre, uma mulher fantástica, ao lado de Feaglar ela se torna um pilar para toda trama, sempre misteriosa, esperamos sempre uma novidade quando ela aparece na historia.
O escritor Pedro Ventura, nos brinca com as mais diversas reviravoltas (algumas amargas), com os mais grandiosos dilemas, confesso que em certa parte do livro eu chorei (não vou contar porque senão estraga a surpresa), o livro tem uma profundidade que acaba nos envolvendo, vivemos com os personagens, lutamos com eles, sentimos as dores de uma guerra e de tanta injustiça, mas também nos alegramos com cada vitória dos justos, da verdade e por cada esperança que nasce dos momentos menos esperados.
Pedro conseguiu criar um mundo fantástico, onde eu queria estar, viver essas aventuras ao lado de tão grandiosos personagens.
O livro é cheio de vida, com perolas que infelizmente não anotei, porque o ritmo de leitura se torna frenético e na próxima página sempre nos espera uma nova artimanha do escritor, uma nova batalha ou mais um segredo ou até uma revelação daquelas de deixar de boca aberta.
Em 2007 me encantei com a trilogia "Fronteiras do Universo" do escritor Philip Pullman, mas de todos os livros que li durante o ano, sem duvida alguma "Goor - A Crónica de Feaglar 2" foi o melhor do ano, melhor de todos, daquele tipo de livro que tenho sempre a mão para uma releitura, e posso indicar com toda confiança como sendo um livro completo.
Única tristeza é que acabou, ao menos essa aventura por Goor, eu fico na espera de um novo livro desse escritor que pra mim já deixou sua marca, já provou que é um dos grandes.
Que venha o próximo, pelo que li o escritor vai se aventurar por outro estilo, mas aposto (tenho certeza), será um sucesso, eu? Já estou aguardando.
Pena ser vendido somente em Portugal, mas creio que isso logo mude.

- Que as espadas dos dhorians e dos seus aliados nunca tombem e que a sua vontade seja sempre a vontade dos justos!!!

Critica a Goor 2 - Blog literário Os LIvros

23.12.07
Goor - A Crónica de Feaglar II
No passado fim-de-semana, tive a oportunidade de visitar uma livraria tradicional situada numa movimentada rua no centro da cidade, bem como uma Fnac presente num movimentado centro comercial. Em ambas, aproveitei para passear-me por entre as estantes, avaliando o que as componha. No que toca à fantasia, se numa era dado destaque ao que se vende bem e se vende sempre, na outra o destaque era dado principalmente às novidades, muito embora também nesta houvesse fundo editorial.
No entanto, em nenhuma deslumbrei a história de Pedro Ventura, nomeadamente o segundo volume, Goor – A Crónica de Feaglar II, que muito recentemente terminei. E quando alerto para sua ausência, não o faço por esta ser uma obra recente ou nacional. Faço-o porque, agora que a terminei, acredito bastante que seja capaz de agradar e deliciar muitos leitores.
Em Goor – A Crónica de Feaglar I, foram-nos dadas a conhecer as intenções e o temperamento de cada personagem, assim como o contexto da guerra dos Sete Reinos e as razões da demanda até Goor. Mas muito ficou por explicar. Neste segundo volume, desde logo acompanhamos essa fatídica mas determinada demanda em busca de um objecto que trará a paz.
Trágica e repleta de surpresas, a demanda acaba por atingir o seu objectivo, mas desengane-se quem pensar que a história acaba aqui. Num dos momentos mais fascinantes da obra, dá-se uma grande reviravolta e o inimigo mostra-se mais esperto, aproveitando as fraquezas e os erros que caracterizam qualquer humano.
A certa altura não tive dúvidas: estava a ler algo de qualidade superior ao próprio Senhor dos Anéis ou a qualquer outro livro deste género, tal o fulgor e impacto desta narrativa épica! Mas é então que a história entra numa segunda fase, mais serena e um pouco mais apagada. Nisto, as personagens voltam a partir, preparando-se para o destinado confronto final, narrado nas profecias, ansiado pelos povos, temido pelos intervenientes. Mas ao destino – terrível condenação – dificilmente se escapa.
Ao contrário do que aconteceu com o primeiro volume, neste ocorreram-me algumas comparações com outras obras sobejamente conhecidas, mas nada que diminua a grande criatividade do autor, que, tenho de realçar, continua a surpreender pela linguagem cuidada e bem usada, pelos diálogos vivos e pela produtiva imaginação.
Achei injusta a (inesperada) morte de algumas personagens, contudo, o autor conduziu a narrativa a um fim criativo e necessário que, no fundo, representa bem a moral desta estória que em tantos factores é uma perfeita analogia ao nosso mundo real.
O único pecado da narrativa dos dois livros é ser, a meu ver, muito uniforme, faltando o destaque a grandes momentos de fulgor e morte (talvez seja a minha ânsia pelo drama e tragédia a falar mais alto). Mas não é por isto que deixo de aconselhar a obra. Criativa, bem escrita, atraente: a fórmula está dada, agora só falta ler!

Goor - A Crónica de Feaglar II de Pedro Ventura

 

 O Crítico

Goor - A Crónica de Feaglar 2

16.11.07
     

 

"As Crónicas de FeaglarDescubre cos comentários da nosa especialista en literatura portuguesa o mistério que se agocha após do tebroso reino de Goor nesta parella de libros fantásticos que están a abraiar a todos pola súa calidade. " ( in Nova Fantasia )
                                                 
Pontos de venda:
Livrarias
ou na internet:

LivrosNet - Livraria Online ( 20 euros - sem custos de envio )

Webboom - Livraria Online ( 18 euros - sem custos de envio )

Livraria Esperança - Livraria Online ( Madeira )

Bulhosa - Livraria Online ( 20 euros )

 

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