Recebi à dias um mail de uma leitora de Goor - A Crónica de Feaglar ( obrigado pelo feedback ) com alguns reparos que julgo serem importantes e decidi responder aqui no bastião blogosférico:

 

1- "Existe uma diferença de ritmo entre o início de Goor I e Goor II"

 

   É verdade. Goor II é bem mais objectivo e "acelerado" enredo. No início ainda estava a "encaixar-me" na estória, a moldar-me a tudo aquilo que se desenrolava na minha cabeça. Foi difícil muito conciliar ideias e escrita. Só quando me "fundi" mais com aquele mundo de Goor e  aprendi a ser melhor "cronista" é que as coisas fluiram melhor. Devo ainda acrescentar que o início foi escrito de forma intermitente ( o que nunca é bom... ) e em espaços pouco... apropriados... como salas de aula da faculdade. Goor I é realmente um pouco mais "pesado", mas é essencial para o que vem a seguir. Eu não alteraria nada, talvez por já me ter apegado em demasia ao todo que é Goor.

 

2- "As personagens mais fortes são mulheres. Porquê?

 

   Bem, não vamos esquecer Feaglar, Thuron ou Sarraden... Mas não hajam dúvidas que Gar-Dena, Calédra e até mesmo Galana são os "motores" e muita da alma da estória. São forças indomáveis, poderosas e profundas. Não é por acaso que a minha personagem preferida acaba por ser a irreverente ( sim, é um eufemismo... ) Calédra. Mas porquê mulheres? Bem, porque não?! Para quê insistir na "velha fórmula" em que as mulheres são sempre as frágeis donzelas que aguardam o regresso dos heróis? Porque não perverter esse modelo? Porque não?...  

 

3 - " O que influenciou Goor? Eu esperava encontrar na linha dos livros de X e afinal (...)"

 

   Goor não se encaixa apenas na Fantasia e não segue o repetido modelo " magos, anões & elfos". Nada disso! Também é uma demanda ( aqui com importância relativa... ) e tem um toque de sobrenatural, mas acaba por ser um livro diferente. Fantasia Épica? Não sei... É diferente. Recordo que no início de Goor as personagens são cépticas a tudo o que ultrapasse a fasquia daquilo que é tido por "normal". Esta é uma sociedade com um ideário mitológico simples, num estádio "protocientífico", que nunca aceitaria "idosos de chapéus bicudos a agitarem varinhas mágicas". Em Goor os poderes sobrenaturais submetem-se à vontade das pessoas das quais emanam e têm uma explicação enublada e invulgar... Para mim, esta é uma "magia" bem mais poderosa - o poder intrínseco da essência humana.

   Isto talvez se deva a influências bastante diversificadas, que não são maioritáriamente do campo da Fantasia. A verdade é que desconheço muitas das obras tidas por referência pela "intelectualidade" do meio. Mas julgo que compenso essa falha com diversidade.

 

4 - "fazer mais livros de Goor"

 

   Infelizmente não vivo da escrita... Infelizmente, como tantos portugueses, tenho um trabalho que me ocupa muito tempo e me faz chegar estoirado a casa ao fim do dia. Não posso embarcar em retiros espirituais, nem em viagens inspiradoras, como fazem algumas figuras da escrita. Vivo a vida real da maioria dos portugueses.

   Tenho muitas ideias, mas poucas condições para as colocar no papel. Escreverei em tempos melhores. Espero, mas não desisto. Vamos a ver se será algo do género de Goor ou não...

 

5 - " Não encontrei aqui o livros nas paeplarias de (...)"

 

   Há tanto para dizer! Mas vou deixar este tema para um post posterior...

 

 

 

Resta-me agradecer as palavras simpáticas e o apoio que recebi deste mail. Como costumo dizer: a minha melhor recompensa é saber que alguém gostou de partilhar deste meu mundo!

 

Caso também queiram falar sobre Goor, enviem um mail para noctis2006@sapo.pt